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sábado, 11 de fevereiro de 2012

Ricardo Gomes dá duro para voltar logo a comandar a equipe vascaína

Cinco meses e meio depois de sofrer um Acidente Vascular Encefálico, técnico trabalha forte em academia buscando recondicionamento físico

Por Guilherme van der Laars Rio de Janeiro

Ricardo Gomes só faz cara feia para cumprir o rigoroso programa de reforço muscular imposto pelo preparador físico Francisco Javier Gonzalez, que há dois meses trabalha no processo de recuperação do treinador. De resto, tudo é festa. É uma alegria contagiante. Uma força de vontade impressionante. Cinco meses e meio depois de sofrer um gravíssimo AVE (Acidente Vascular Encefálico), que o deixou à beira da morte, o técnico faz força para voltar ao comando do Vasco. E com a mesma convicção com que levanta peso na musculação. O treinador recebeu a equipe da TV Globo e avisou:

- Vou voltar! Pode ser daqui a um mês, em agosto, em dezembro. Isso não importa. O que eu quero mesmo é me recuperar 100% - disse.

E no que depender da força de vontade do treinador, isso não vai demorar para acontecer. A obstinação para recuperar todos os movimentos é incrível. Ricardo Gomes ainda tem certa limitação no lado direito do corpo. Mas faz tudo sozinho. Não depende sequer de uma pessoa para levá-lo à academia de Francisco Gonzalez, na Barra. A fala é pausada, mas completamente nítida. Às vezes, lhe foge uma palavra ou outra. Absolutamente normal para quem precisou ter 80ml de sangue drenado do cérebro após o AVE hemorrágico sofrido no dia 28 de agosto, em pleno Engenhão, durante o Vasco x Flamengo do primeiro turno do Brasileiro de 2011. Impressiona vê-lo sobre uma bicicleta ergométrica fazendo um trabalho físico forte.

- A carga não é leve, não. É pesada. Ele chega a dar tiros de 15 a 30 segundos. A recuperação dele está ótima, muito boa mesmo – afirma Francisco Gonzalez, que se divide entre o trabalho com Ricardo Gomes, a administração de sua academia e a seleção de futebol da África do Sul, de quem é preparador físico desde os tempos de Parreira e Joel.

FRAME Ricardo Gomes durante tratamento  (Foto: Reprodução)Ricardo Gomes faz exercícios durante tratamento em academia (Foto: Reprodução)

Ricardo Gomes exala bom humor. Brinca até com a situação dramática que viveu.

- Eu já estou na hora extra. Toda vez que fico irritado com alguma coisa, lembro que estou na hora extra – sorri.

Ricardo não perde uma chance de soltar piadas.

- Vou escrever um livro de como recuperar o joelho com um AVC – diz, referindo-se aos problemas que teve no joelho direito durante a carreira como jogador e que agora estão melhorando por causa do intenso trabalho de recuperação muscular.

Ricardo também fala sem qualquer ressentimento sobre o que aconteceu com ele. Diz se lembrar de tudo. E, curiosamente, recorda que no dia que teve alta do hospital, quase voltou a ser internado por causa das dores no joelho, segundo ele, insuportáveis.

FRAME Ricardo Gomes durante tratamento  (Foto: Reprodução)Treinador diz que quer voltar a trabalhar
no campo (Foto: Reprodução)

E o Vasco da Gama mexe demais com o treinador. Ele, que já dá valor a coisas míninas, casuais, como uma boa conversa jogada fora, fala do clube com imenso carinho:

- Serei eternamente grato ao Vasco, à torcida, a todo mundo do clube.

Mesmo de longe, o Vasco faz parte do dia a dia de Ricardo. Ele tem freqüentes conversas com Cristóvão, seu braço direito, que herdou o cargo após o afastamento. Eles trocam idéias sobre o time, a escalação, mas Ricardo garante que a palavra final é sempre de Cristóvão:

- Ele é que está no dia a dia do clube. Quem está de fora, só pode dar palpite.

Ricardo Gomes defende o amigo das vaias recebidas por ele na derrota por 2 a 0 para o Nacional-URU, na estréia do Vasco na Libertadores, quarta-feira passada, em São Januário:

- Isso já aconteceu comigo no Vasco, faz parte, é normal.

Mas com o instinto de treinador ainda pulsando firme, ele avisa.

- O time deles é bom, mas deu pra ver que tem algumas coisas que podem ser exploradas – analisa o técnico, que descarta ser dirigente, gerente de futebol ou qualquer outra função que não seja de treinador de futebol.

- Vou trabalhar no campo.

Assim tem sido a rotina de Ricardo Gomes. De segunda a sábado, faz trabalhos de recondicionamento físico, fisioterapia e fonoaudiologia. E, acima de tudo, dá um emocionante exemplo de força de vontade e superação.

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