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domingo, 19 de fevereiro de 2012

Abel ouve conselhos, e Nem ganha espaço na equipe antes da semifinal

Treinador altera seu modelo de trabalho nas últimas duas rodadas, dá mais espaço à velocidade e a juventude, e consegue evitar eliminação precoce

Por Edgard Maciel de Sá Rio de Janeiro

Mudança em prol da continuidade. Pressionado por torcedores e conselheiros nas Laranjeiras por conta das más exibições do início da temporada, o técnico Abel Braga resolveu seguir os conselhos recebidos por dirigentes do clube na última semana. Aos poucos, a base da equipe titular do Fluminense, que era considerada engessada por alguns membros da diretoria tricolor, já começa a ganhar uma nova cara. No lugar da cadência e da experiência, o binômio velocidade e juventude pede passagem e já teve participação importante na classificação da equipe para as semifinais da Taça Guanabara. O principal expoente do novo modelo atende pelo nome do atacante Wellington Nem, que começa a ganhar espaço no elenco e tem tudo para ser mantido entre os titulares diante do Botafogo, na próxima quinta-feira, às 21h (de Brasília), no Engenhão.

Fred comemora gol do Fluminense contra o Bangu (Foto: Agência Photocâmera)Wellington Nem e Fred comemoram um dos dois gols do Fluminense na vitória sobre o Bangu por 3 a 0: dupla deve ser titular contra o Botafogo na semifinal da Taça Guanabara (Foto: Agência Photocâmera)

Na última terça, Abel Braga teve uma reunião com o vice-presidente de futebol, Sandro Lima, e com o diretor executivo Rodrigo Caetano. Os dirigentes garantem que foi apenas um papo de rotina, mas fato é que o treinador ouviu conselhos sobre possíveis mudanças na equipe titular, considera engessada até então pela diretoria. Além dos resultados que quase tiraram o Fluminense da semifinal, o modelo de trabalho adotado por Abelão não é visto como ideal nas Laranjeiras. Ao contrário do time experiente e cadenciado preferido pelo treinador, e que contando com a base de 2009/2010 - aliada à grande fase de Fred - conseguiu a vaga na Libertadores, parte da diretoria entende que a equipe deveria ser mais jovem e veloz. A insistência em atletas em má fase e os constantes erros nas substituições também são questionados frequentemente.

Coincidência ou não, Abel mudou um pouco o seu modelo recente de trabalho nas duas últimas partidas, dando mais espaço entre os titulares para Jean, Wellington Nem - aparentemente o novo dono da vaga de Rafael Sobis, que sequer foi relacionado nas duas últimas rodadas - e até mesmo Araújo, dono de disposição invejável e muita ajuda à marcação em suas atuações recentes.

- O futebol não é uma ciência exata, mas chegamos a um momento que precisávamos de duas vitórias a qualquer custo. E não falhamos, mesmo que ainda dependêssemos da ajuda do Vasco. Tivemos uma postura diferente diante de Americano e Bangu, sempre com quatro atacantes em campo se contarmos o Thiago Neves. O entrosamento deu certo. Fizemos dois gols com um a menos na rodada passada e três neste sábado. Na semifinal, porém, sabemos que seremos mais atacados. Talvez não dê para manter o mesmo modelo, mas sempre prefiro ser criticado por jogar ofensivamente - garantiu Abelão.

- O que alimenta o futebol são os resultados. Mas, para mim, existem outros valores. Trabalho para vencer, para ser campeão, para jogar um futebol de encher os olhos, mas nem sempre é possível. Os adversários têm o mesmo objetivo. O importante é que conseguimos duas vitórias muito convincentes. Com o Fluminense é assim: quando o dão como morto, ele renasce e consegue o impossível. Vamos ver se conseguimos alimentar essa história mais uma vez - disse o comandante.

O que alimenta o futebol são os resultados. Mas, para mim, existem outros valores. Trabalho para vencer, para ser campeão, para jogar um futebol de encher os olhos, mas nem sempre é possível".
Abel Braga

Apesar da pressão externa, o presidente Peter Siemsen, Sandro Lima e Rodrigo Caetano dão ênfase ao discurso de resistir à mudança no comando da equipe. Por mais que as críticas existam, eles entendem que o time precisa de tempo para se adaptar às saídas de jogadores considerados válvulas de escape, como Marquinho e Mariano, além do entrosamento dos novos reforços. Sem falar que não há um treinador de consenso livre no mercado para assumir a função rapidamente. Contra o Americano, uma faixa estendida por torcedores com os dizeres "Fora, Abel" chamou a atenção. No último sábado, o técnico teve de ouvir o coro de "Burro, Burro" ao tirar Wellington Nem no segundo tempo contra o Bangu.

- Nunca ouve questionamento interno sobre o trabalho do Abel. Talvez apenas externamente, o que é até normal por conta dos primeiros maus resultados, mas não de nossa parte. O importante é dar sequência ao trabalho sempre sabendo que vão existir percalços pelo caminho. Nossa expectativa é sempre de que a equipe evolua e as vitórias apareçam. Para isso procuramos preservar sempre o ambiente - resumiu Rodrigo Caetano.

Na sua primeira passagem pelas Laranjeiras, em 2005, Abel enfrentou a mesma turbulência no início do ano. Quase foi demitido por conta de resultados negativos em março. Mas se manteve no cargo, conquistou o Campeonato Carioca, foi vice-campeão da Copa do Brasil e ainda alcançou o quinto lugar do Brasileirão. Resta saber se agora o treinador terá novamente tempo e tranquilidade para transformar as críticas em elogios.

Abel Braga no jogo do Fluminense contra o Bangu (Foto: Bruno Gonzalez / Agência O Globo)Pressionado nas Laranjeiras, Abel mudou o modelo de trabalho e conseguiu levar o Fluminense à semifinal da Taça Guanabara (Foto: Bruno Gonzalez / Agência O Globo)

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